Ao menos três parlamentares que apoiaram as eleições de Jair Bolsonaro em 2018 agora falam em impeachment, renúncia ou teste de sanidade mental para o presidente. Outros políticos, que também participaram da campanha de Bolsonaro, não chegam a cogitar essas medidas, mas já se dizem arrependidos do voto.
Ex-aliado de Bolsonaro, Alexandre Frota (PSDB) afirmou nesta segunda-feira (16), que o processo de impeachment do presidente está pronto e será entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, nesta terça (17). O deputado federal vai alegar que Bolsonaro cometeu crimes contra a saúde pública ao ignorar a orientação de ficar em isolamento e cumprimentar seus apoiadores durante a manifestação pró-governo.
Frota foi expulso do PSL em agosto do ano passado após críticas ao governo e a Bolsonaro. Na época, afirmou que não se arrependia dos sete meses em que foi governista. “Vou continuar torcendo e votando (com o governo) quando tiver que votar. Acho que lições são para serem vividas.”
Questionado se outros parlamentares apoiam seu pedido, Frota afirmou que não “fala” ou “aponta outros”, mas que conversou com Júnior Bozzella (PSL-SP), Nereu Crispim (PSL-RS), Joice Hasselmann (PSL-SP) e Rodrigo Maia, o primeiro a ser informado, segundo ele. “Avisei o líder Carlos Sampaio (PSDB-SP), mas a peça é minha. Neste momento, não tenho que falar com ninguém. Depois, caso o processo vá para frente, aí começa a rodada com líderes e depois deputados.”
O deputado Júnior Bozzella (PSL-SP) também apoiou Bolsonaro nas eleições de 2018 e hoje defende que o presidente faça um teste de sanidade mental, antes de se pensar em impeachment. “A quebra de decoro tem acontecido diariamente. O fato mais grave foi o último, quando ele cumprimentou manifestantes mesmo sendo um polo de contaminação do coronavírus”, afirmou Bozzella.
Antes de cogitar impeachment, ele defende um processo de intervenção mediante as condições mentais do presidente. “Há realmente uma irresponsabilidade beirando a insanidade.”