A PF (Polícia Federal) instaurou inquérito para investigar o segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, que foi preso na semana passada na Espanha carregando 39 quilos de cocaína na bagagem de mão.
O militar era comissário de bordo de uma das aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) que transportavam integrantes da comitiva do presidente Jair Bolsonaro ao Japão para o encontro de cúpula do G20, grupo que reúne as 20 principais economias do mundo.
Ao repercutir no Japão o incidente policial, Bolsonaro afirmou que exigiu “investigação imediata e punição severa” ao militar preso na Espanha. Ele chegou a lamentar o fato de o segundo-sargento da Aeronáutica não ter sido preso com as drogas na Indonésia, país que prevê pena de morte para condenados por tráfico de drogas.
Investigadores confirmaram a abertura da investigação e também a informação de que o objetivo da PF é, além de investigar o tráfico internacional de drogas, apurar as possíveis ligações do sargento da Aeronáutica com outras pessoas. Na semana passada, o vice-presidente Hamilton Mourao chamou o militar preso na cidade espanhola de Sevilha de “mula qualificada”.
Até o momento, Manoel Silva Rodrigues é alvo de dois inquéritos: um inquérito policial militar, da Aeronáutica; esse segundo, da Polícia Federal.
Diligência
A FAB realizou na última segunda-feira (1º) buscas em um imóvel, no Distrito Federal, do segundo-sargento detido na Espanha carregando quase 40 quilos de cocaína.
A diligência no apartamento foi autorizada pela Justiça Militar. O resultado da operação está sob sigilo e, por isso, a instituição não informou se algo foi apreendido.
Militar da Aeronáutica, Manoel Silva Rodrigues tinha direito a um imóvel funcional no bairro Asa Sul, em Brasília, não morava no apartamento cedido pelo governo. Ele vivia em Taguatinga, a cerca de 30 quilômetros do centro da capital.
Segundo testemunhas, Rodrigues vivia em um apartamento comprado por ele em 2017. O imóvel é avaliado em R$ 180 mil. O militar também tem uma moto e um carro registrados em nome dele.
O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, classificou o caso de “grave desvio de conduta inaceitável”.
Trajetória
O sargento Rodrigues teve a vida investigada pela Inteligência brasileira antes de entrar para o Grupo de Transporte Especial da FAB, em 2010.
Ele se mudou para Brasília em 1998. Em 2000, começou a trajetória na Aeronáutica. Quatro anos depois, Rodrigues prestou o concurso da FAB para taifeiro – profissional dedicado ao serviço de copa, mesa e camarotes oficiais. O militar foi aprovado em 6º lugar.
No ano seguinte, em 2005, fez o curso de formação de comissário de bordo. Agora, ele aguarda o julgamento do processo na Justiça em uma penitenciária espanhola.
A prisão
A prisão do segundo-sargento ocorreu quando o avião da FAB pousou às 14h (horário local) no aeroporto da capital da região da Andaluzia, de acordo com o jornal espanhol “El País”.
A aeronave onde estava Manoel Silva Rodrigues, que atua como comissário de bordo em voos da Força Aérea, costuma fazer a rota presidencial antes do avião do presidente em viagens longas, e, por isso, fica à disposição de Jair Bolsonaro para quando ele pousar no destino.
A cocaína encontrada com o militar estava dividida em 37 pacotes de mais de um quilo. Fontes policiais disseram ao jornal espanhol “El País” que a droga não estava sequer camuflada entre roupas. “Em sua mala, havia apenas drogas”, afirmou uma porta-voz da força policial em Sevilha. As informações são do portal G1.